Conversas de Café/Pausas para pensar
Tenho a sorte ou o azar de trabalhar num dos pontos mais movimentados da cidade.
Centenas de pessoas devem passar por ali diariamente, sem sequer nos darmos conta.
É curioso que mesmo sem que me apercebesse, diversas pessoas, frequentadoras habituais do local, algumas conhecidas outras nem por isso, me foram observando, meticulosamente, reparando em detalhes meus que nem eu tinha considerado.
Chega a uma certa altura do dia em que gosto de me sentar sozinha. Comigo mesma. Com o meu café, com o meu livro.
De assumir eu a posição neutra de mera observadora, enquanto o mundo passa por mim na sua azáfama.
Apesar de adorar a eventual troca de ideias, desatinos e gargalhadas aparvalhadas com colegas e amigos, gosto de estar sozinha.
Não ter que disponibilizar nem os meus olhos, nem os meus ouvidos, nem a minha mente a quem quer que seja por alguns momentos.
Gosto do meu espaço. Imponho-o.
É nesse pequeno espaço em branco, nesse pequeno time-out na existência que estou consciente de mim mesma, plena.
É o ínfimo momento de claridade, no qual arrumo as minhas ideias e estados de espírito e assumo quem na realidade sou.
E nesse momento sou feliz.
Sinto-me confortável na pele que visto nesse dia..porque é a minha, bem ou mal.
Não tenho que me justificar para ser compreendida.
Para quem vê de fora questiona se a solidão aparente não será falta de opção ou sinónimo de infelicidade, medo.
Não é...
Embora reconheça a importância da presença de um elenco especial nas nossas vidas, acredito piamente que, às vezes, a luz de palco deve ser só nossa.
Já o ditado dizia "antes só que mal acompanhada", por vezes também se aplica.
E num momento tão precioso como é a minha introspecção, não me arrisco a deixar alguém interceder, seja a meu favor ou o que for.
De boas intenções o inferno está cheio.
Assim será, até me encontrar(es) e eu não mais precisar de espaços em branco e pausas para pensar...
MJ.
MJ.
J.
No comments:
Post a Comment