Thursday, April 28, 2011

Como tudo é Efémero... (1)

Apelo agora àquelas memórias de infância, do Natal agitado em família, do extâse da abertura das prendas..
da ingenuidade de duas amigas que planeiam viajar todos os anos em busca do amor ideal, e que juntas "decidem" que vão casar no mesmo dia.
Das tardes de verão passadas na varanda de um oitavo andar, a dançar e a cantar as letras parvas da boysband da altura..
Da escola e trabalhos de casa que nos pareciam ridículos, das festas doidas (que eventualmente nos cansámos de ir), das patéticas paixões semanais.

Parece-nos tudo tão confortável, tão bom e aparentemente monótono, que temos a cega certeza de que tudo durará e se manterá assim para sempre.
E por isso queremos avançar, crescer à força, mudar..
Passar à fase seguinte (enfim, a pressa própria de quem pouco ou nada conhece).

Quando nos damos conta, era naquele exacto momento que desejavamos ter ficado..talvez um pouco mais.

As personalidades mudam, não na sua essência, mas muda, adaptam-se a cada estação da vida.
Os sentimentos e emoções vão-se extinguindo, tão repentinamente como quanto surgiram.
A vida ganha outra velocidade, e só interessa, a meu ver, prolongar os melhores momentos, os momentos em que somos. no nosso melhor.

Há uns anos atrás riamo-nos na varanda do oitavo andar..
Hoje o prédio fora demolido, ou mudámos de cidade, ou perdemos o contacto e as ambições amorosas em comum, ou já cá não estamos para sequer rir da traiçoeira monotonia da vida.

Ah como tudo é efémero !


(Isto a propósito de ter acordado no outro dia com uma vontade rídicula de contar algo a alguém que já cá não está, não era nada de importante, parvoíce na verdade, mas a vontade era tanta que por pouco me esqueci - já cá não está )







Sunday, April 24, 2011

Pergunta

Pergunta: E quando se ama alguém, diz-se tudo ?

Quando se ama e conhece alguém, é-nos automaticamente dada a licença para explorar e julgar as "grey areas" do outro ?

Amar é poder possuir ?
Reinar ?
Expressar tudo o que se pensa ? realmente...?

Quando se ama alguém, diz-se tudo ? mesmo que magoe ?
Tudo, tudo, tudoo ?

Quem só ama não conhece. Quem conhece, ama.

Disseste tudo.

Thursday, April 21, 2011

O Livro

Ele vinha sozinho.
De livro do género mistério/policial na mão, cujo título acabei por me esquecer, cigarro entre os dedos..
Olhou em volta, fez o pedido..e mergulhou na leitura.
Senti-me, por minutos, tentada a sentar-me na sua mesa, a ouvir frases do livro, queria ouvir na voz dele a sua história, sob o risco de parecer maluca..
.
Não me lembro que conversa estaria a ter com os meus botões naquele fim de manhã no sítio de costume.
Não me lembro de o ver puxar uma cadeira e sentar-se na mesa bem de fronte da minha, mesmo na minha mira.

Não me lembro de o ver a olhar para mim com curiosidade, dos seus olhos verdes estonteantes, da sua barba por fazer e dos fios do cabelo aloirado, que ele insistentemente prendia atrás da orelha.

Tão pouco me recordo dos seus lábios finos, interessantes.
Por minutos (e apesar de para ele olhar fixamente), fiquei cega e quase alheia à sua beleza ridícula, ridiculamente imponente, que só vim a reparar uma semana depois, quando fomos formalmente apresentados, no mesmo sítio, no sítio de costume.

Quase não o reconheci. Mas ele reconheceu-me a mim (afinal, não é todos os dias que o charme de um homem bonito escapa aos olhos femininos)
.
Focara-me no detalhe do livro e na carga simbólica que este trazia, foquei-me na sua história, e na de quem o lia, algo mais intríseco.

Faz sentido ? não sei..

se calhar devo mesmo trocar as lentes.

Wednesday, April 13, 2011

Leveza

Há muito que não tinha uma semana assim, agradável, motivadora..fácil.
Estou a desfrutar do "Período de cessar fogo temporário", como um colega disse.

A conhecer uma diversidade de personalidades, vivenciar momentos risíveis em novos relacionamentos, recurar amores, paixonetas e emoções leves e descomplicadas.

Não sei se se trata de ego inflamado, alegria e bem-estar efémeros ou ilusórios.
Será que interessa saber ?


Mas sim, digamos que a semana está a correr surpreendentemente bem, para variar.


E a inspiração, prestes a voltar.
Estou leve, mas não em perigosa demasia



"Quem é firme nos seus propósitos, molda o mundo a seu gosto " ~

Monday, April 11, 2011

Monólogo entre tu e eu

O bonito de se escrever, é sem dúvida, a capacidade de capturar cada momento íntimo nosso..
Por mais que algumas pessoas deixem de coabitar no nosso mundo passional, por mais que a memória nos traia, e os sentimentos se eclipsem, o capricho de poder reler o que foi por nós escrito e reviver de certa forma determinado devaneio, não tem preço.
Em 2005 e aos 19 anos já tinha as minhas "epifânias".


Monólogo entre Tu e Eu
Luz apagada. Quarto embrulhado na escuridão pós-amor e silêncio de presença..
Acendo a vela e sento-me a ver o seu pavio arder, seguindo as sombras que se passeiam na parede.
O quarto logo se despede da penumbra, e na companhia dessa pequena chama acesa, eu penso em tudo.
Em tudo aquilo que a minha mente foi capaz de guardar, tudo aquilo que a minha memória conseguiu fotografar.

Perco-me nestes pensamentos ferventes durante duas horas, talvez três..não sei..
Respiro fundo. Aroma agradavelmente inoportuno vem ao meu encontro..
Esboço um sorriso..reconheço este cheiro, como poderia esquecer.
É o teu cheiro, que ficara comigo desde a noite anterior..incrível como se/te propaga(s) em mim..
Invade(s) o quarto, perfuma(s) o lençol amarrotado caído da cama, a roupa esquecida na cadeira, até as folhas do caderno da escola aberto em cima da mesa..

Se não tivesse consciência de que é impossível, diria que estás aqui, presente, comigo, bem perto, em mim..
Como há umas horas atrás..

A vela apaga-se de repente, como se me indicasse a hora de finalmente sair deste transe em que mergulhei.
Não me lembro bem se aquilo tudo não passou de um sonho, estonteante.
Estou confusa..mas toque de mensagem no telefone..sobressalto-me, vejo quem é..és tu.
Palavras meigas e arrepiantes me escreves..não, então não foi sonho..

Farejo o ar, procuro, e sim, o teu cheiro, ainda o sinto, no meu corpo abraçado pelo teu. Ainda te sinto comigo.

Estamos só no início, e como tu próprio disseste:
- "nós não podemos ficar por aqui.
Deixa a tua porta encostada..pra eu mais logo entrar "


19 Junho 2005.





Saturday, April 9, 2011

o outro

É tão mais fácil exigir do outro, cobrar para que o outro faça algo por nós, esteja sempre disponível para alugar o seu ouvido e o seu ombro; fazer birras quando não é feita a nossa vontade  e quando somos obrigados a reconhecer que os nossos chamados problemas (de identidade) face a outras situações já não são tão emergentes como pensámos.

É fácil julgar quando pouco ou nada se sabe, quando só se está presente para reivindicar.
Crescer e entender as coisas a longo prazo, dá muito trabalho, mas um dia, inevitavelmente, abriremos os olhos e veremos o que realmente é importante.

O mundo nem sempre dá as voltas a nosso favor, existem sacrifícios, e quase nunca, ter o que queremos é assim tão deveras importante.



Como ouvi alguém dizer numa grande lição de vida, o Homem limita-se a si mesmo, torna-se a si próprio infeliz, por impôr-se condições sine qua non:
se ela gostar de mim, vou convidá-la para sair, se eles forem meus amigos verdadeiros, sempre me apoiarão.


Se, se, se, se..

Há sempre uma contrapartida nas emoções humanas.
Há sempre um requisito a preencher. Há muitas assunções sobre aquilo que é certo ou errado, sobre os motivos para a acção ou omissão de alguém em determinado sentido. Mas na verdade não se sabe nada.


Os laços que se se suportem em condições, necessidades de justificação em caso de ausência e julgamentos puros e frios, de qualquer que seja a atitude ou falta dela..não são laços saudáveis de se cultivar.
Digo eu..

Thursday, April 7, 2011

O peso ou a leveza ?

"...se o eterno retorno é o fardo mais pesado, então, sobre tal pano de fundo, as nossas vidas podem recortar-se em

toda a sua esplêndida leveza.


(...) o fardo mais pesado esmaga-nos, verga-nos, comprime-nos contra o solo.
Mas, na poesia amorosa de todos os séculos, a mulher sempre desejou receber o fardo do corpo masculino.
Portanto, o fardo mais pesado é também, ao mesmo tempo, a imagem do momento mais intenso da realização de uma vida.
Quanto mais pesado for o fardo, mais próxima da terra se encontra a nossa vida e mais real e verdadeira é.

Em contrapartida, a ausência total de fardo faz com que o ser humano se torne mais leve do que o ar, fá-lo voar,afastar-se, da terra, do ser terrestre, torna-o semireal e os seus movimentos tão livres quanto insignificantes.


Que escolher, então? O peso ou a leveza? " Milan K.

Ultimamente, tudo é "extrema leveza", irreal 

he said

" I don't change what I want easily and just for immediate beneficts.
Isso era antigamente, quando era mais jovem. Agora não, não mudo de gosto assim do nada..

Friday, April 1, 2011

love.sex.companionship.

" We´d walk home together in the foggy summer night and I´d tell her about sex; the good stuff, like how it could be warm and exciting and the not so good things, like how once you showed someone that part of yourself, you had to trust them one thousand per cent and anything could happen.

Someone you thought you knew could change and suddenly not want you, suddenly decide you made a better story than a girlfriend.

Or how sometimes you might think you wanted to do it and the halfway through or afterward realize no, you just wanted the company, really;
You wanted someone to choose you, and the sex part itself was like a trade-off, something you felt like you had to give to get the other part.

I´d tell her that and help her decide. I´d be a friend "


(Undisclosed author) - a man's view.




trechos de conversa

J - Pergunto-me porque ando tão desinspirada. (...) tanta indiferença que me encontrei com a minha anterior fonte de inspiração e olhei-o, mas não o vi, falou-me, mas não o ouvi..
Nem parece que há um tempo atrás estava naquele estado de desequilíbrio passional, agora digo, antes isso!


S - O tempo !! Como gosto do tempo.
De facto ele cura tudo deixando apenas uma lembrança ténue de passados mal resolvidos. Ainda bem que é assim não achas ?

J - Não sei..penso que nada melhor do que o puro devaneio amoroso para nos provar que somos mais do que um conjunto de ossos meticulamente articulados cobertos por camadas epidérmicas..

S - Na verdade eu acho que amaria estar nesse devaneio amoroso o tempo todo.
Adoro a sensação de estar à flor da pele, com os sentidos apurados..
Odeio essa frieza do dia-a-dia.

trechos de conversa Março 2011