Friday, June 11, 2010

O que o eu tem de único encontra-se precisamente naquilo que o ser humanos tem de inimaginável.
Só consegue imaginar-se o que é idêntico em todos, o que é comum a todos.

O seu EU individual é aquilo que se distingue do geral, e é, portanto, aquilo que não pode ser adivinhado nem calculado antecipadamente, aquilo que primeiro é preciso desvendar, descobrir, conquistar no outro.

(...)


Só na sexualidade é que o milionésimo de diferente aparece como uma coisa preciosa, porque não é publicamente acessível e tem de ser conquistado.

Ainda há meio século, este tipo de conquista exigia que se lhe dedicasse muito tempo e o valor do objecto conquistado era proporcional ao tempo consagrado à sua conquista.
Mesmo nos dias que correm, embora o tempo da conquista tenha diminuído consideravelmente; a sexualidade é para nós como que o cofrezinho das jóias onde se encontra guardado o mistério do eu feminino..... " 

 -  Milan Kundera  (A Insustentável Leveza do Ser)


(pik: anasílvia.catembe10)

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