A Vergonha:
Acredito que sentir vergonha ou embaraço aliado ao potencial receio de contrariar alguma expectativa, criada sabe-se lá por quem, é o que mais nos torna humanos.
Sentir vergonha, ter pudor, constitui no fundo, um acordar para o que nos rodeia, uma preocupação em tentarmos ser vistos pelos olhos do nosso mundo mais íntimo de forma abonatória. E até pelos nossos próprios olhos.
É admitir que, se calhar, ainda existem alguns valores em nós embutidos novamente sabe-se lá por quem, que DEVEM ser preservados e postos em prática enquanto formos seres erectos.
Eu acho que, se mais indivíduos efectivamente tivessem a noção do que é sentir vergonha, exercessem um raciocínio crítico e coerente, pensassem na sua forma de estar, enfim, pusessem em prática aquela velha frase "ter vergonha na cara", a nova geração de pensantes não estaria no estado caótico em que encontra.
Na prática, o mundo inteiro está-se nas tintas.
Se é bom ou mau, se é certo ou errado, que se lixe. Não há tempo!
Sentir vergonha, considerar a hipótese de parar e fazer aquela dissecação emotiva do que vai na mente e de como isso afecta terceiros alheios sob forma de acções, isso, implica muito, mas muito esforço mental.
Não há tempo. Para pensar sobre a realidade de nós próprios? Ah não.
Portanto o lema é: não tenho nada que sentir vergonha de mim mesmo, nem analisar o que faço.
O mundo que me ature ! E para aqueles que têm fé, Deus que me salve !
Sentir vergonha pode de facto limitar-nos.
Nem sempre é favorável para nós, mas tal faz parte do exercício, é O Exercício!
Admito que os meus momentos de vergonha de algo cometido, ou até da minha personalidade que, diga-se de passagem (...)!, são sem dúvida, dos mais vulneráveis que experimento.
A verdade é, ninguém me conhece melhor do que eu.
E eu, testemunha de mim mesma, sei quando devo sentir a famosa vergonha na cara, "desorgulhar-me" de algo que fiz e daí, decidir se o mantenho ou se corrijo.
Nem sempre opto pela melhor obviamente, mas vale o exercício.
De qualquer das formas a vida continua, mudando ou não..mas acho que talvez o mais aconselhável mesmo, é mantermo-nos o mais humanos possível.
Sentirmos vergonha, receio..valorizarmos o que é importante, quem somos e quem nos vê.
PENSARMOS. Não é para isso que serve a bendita massa cinzenta ?
- M'Jayes ~